sábado, 15 de outubro de 2011

Diário do aprendiz – 15 de outubro de 2011


Descobrir novas paisagens

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X - Olá, Guardador de Rebanhos

"Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?"

"Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?"

"Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram."

"Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti."


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As meditações até aqui

1° de outubro de 2011

Sessão única – O tempo passou mais depressa do que eu esperava. E em vários momentos, fiquei bastante concentrado. Mas, na maior parte do tempo, pensamentos insistiram em aparecer – aquele “ruído de fundo” que mencionei outras vezes.

Foi uma boa sessão, só que estou incerto se meditei. Acho que apenas relaxei, em alguns momentos de forma mais intensa. Seja como for, valeu!

Tempo: 40 min.

2 de outubro de 2011

1ª sessão – Dormi tarde, acordei cedo... Será que isso dificultou a concentração? Talvez... Relaxei um pouco, mas a mente permaneceu inquieta – “tagarelando”...

Mas sempre baixinho... Não deixa de ser um progresso.

Tempo: 20 min.

2ª sessão – Por vários minutos, os pensamentos não cessaram. Então, de repente, a mente “desacelerou”. E continuou assim, com ligeiras oscilações, até o final.

Embora o começo costume ser mais agitado, parece haver uma tendência à calma depois de alguns minutos, às vezes perto do término. E se eu aumentar o tempo? Talvez, em uma das sessões apenas... De qualquer modo, preciso forçar um pouco.

 Tempo: 20 min.

3 de outubro de 2011

1ª sessão – No começo da manhã. Apenas fiquei quieto por um tempo. Fiquei bem consciente, mas sem pensamentos excessivos. Foi um bom relaxamento.

Tempo: 30 min.

2ª sessão – Antes de dormir. Desta vez, a mente ficou mais silenciosa. Aconteceu por breves instantes, como é comum. Mas foi bom. No fim, a agitação recomeçou. O sono e certa impaciência fizeram-me interromper mais cedo.

Tempo: 16 min.

4 de outubro de 2011

1ª sessão – Depois de acordar costuma ser mais difícil. Continuo relaxando bem, mas não entrei naquele estado ligeiramente alterado da meditação.

Tempo: 30 min.

2ª sessão – Foi uma sessão bem proveitosa. Desde o começo, senti a mente se aquietar, e ela permaneceu assim na maior parte do tempo. Os pensamentos que apareciam eram vagos e não duravam muito. Em certo momento, fiz uma experiência: permiti-me “relaxar” por alguns instantes, deixando os pensamentos mais soltos, e depois voltei a me concentrar, tentando deixar a mente bem calma. E a calma veio com força redobrada – foi ótimo.

Já que não é mesmo possível manter a mente quieta o tempo todo, por que não assumir isso e controlar um pouco o processo? Preciso repetir essa experiência.

Tempo: 20 min.

5 de outubro de 2011

1ª sessão – Em certa altura, houve muito barulho em redor. Mas, curiosamente, foi nesse momento que me concentrei mais. Fiz um esforço, e de repente consegui ouvir o barulho sem me perturbar. Acredito que este é o sentido da meditação.

É bom ver que a sessão passa sem muita dificuldade. Sempre termina de modo um tanto inesperado. E muitas vezes, eu gostaria que continuasse.

Tempo: 30 min.

2ª sessão – Só consegui na segunda tentativa. E até que não foi ruim. Hoje, sentei-me num tapete de yoga, com as pernas cruzadas e as mãos sobre os joelhos (postura que os indianos chamam de “lótus”). Um pouco de dor nas costas dificultou a concentração.

Outra vez, tentei alternar momentos mais “livres” com outros mais atentos. Houve uma diferença, embora muito leve, pois certa dispersão continuou.

Tempo: 20 min.

6 de outubro de 2011

1ª sessão – Pretendo meditar sempre na posição tradicional, a partir de agora. A sessão de hoje foi razoável; aquietei-me em alguns momentos. Mas nada muito intenso. É verdade que acordei ainda com sono... Isso complica um pouco.

Tempo: 30 min.

2ª sessão – Nos primeiros minutos, nem me preocupei com a concentração. Depois entrei na linha e tentei silenciar a mente. Mas os pensamentos continuaram, menos vagos e passageiros do que têm sido nas últimas sessões. O curioso é que o corpo relaxou até demais; várias vezes, tive aquele sobressalto de quando se está quase pegando no sono. Mas eu ainda me sentia bastante acordado.

Nas últimas sessões, tenho me preocupado em alcançar um estado mais meditativo. Acontece às vezes, mas apenas por momentos. De qualquer modo, estou relaxando melhor atualmente do que quando comecei. A partir de agora, e por algum tempo, vou me contentar com isso. Continuarei tentando meditar direito, mas de um jeito mais descontraído. Creio que, aos poucos, o progresso virá.

Tempo: 20 min.

8 de outubro de 2011

1ª sessão – Sentei-me para meditar, mas não quis meditar. Deixei os pensamentos correrem quase o tempo todo. Pena, porque posso pensar em muitas ocasiões, mas reservo apenas dois períodos do dia para a meditação.

Ainda não estou acostumado a sentar no tapete de yoga. As costas doem, as pernas ficam dormentes, e tudo isso dificulta.

Mas então, que eu volte para a cadeira, oras!

Tempo: 30 min.

2ª sessão – Esta foi uma das melhores sessões que realizei até hoje. Comecei me concentrando bastante. Depois de poucos minutos, experimentei uma sensação de... – não sei bem como descrever; a imagem que me ocorre é a de uma onda avançando. E o silêncio na mente pareceu dar um “salto de qualidade”, se posso me expressar assim. Por alguns instantes, curti esse vazio, que era como um refrescante mergulho num lago.

(Com certeza, as expressões e metáforas que estou usando são muito imperfeitas. Talvez sugiram mais do que aconteceu de fato, pois realmente não foi nada de espantoso... Ainda não consegui ter nenhuma experiência mística ou sobrenatural! Mas talvez, a descrição fique até um pouco aquém do que houve, e que foi uma sensação realmente nova.)

Daí a onda passou, e me dispersei um pouco. Mas, até mesmo aí, não foi uma dispersão repleta de pensamentos. Apenas saí daquele estado mais intenso. Nos minutos finais, procurei me concentrar de novo, mas não foi a mesma coisa. Naquela altura, as costas já estavam incomodando, e cheguei a sentir uma leve impaciência.

Curiosamente, pouco antes de encerrar, tudo isso terminou e comecei a aquietar-me. Foi quando o despertador tocou, fazendo-me estremecer.

E assim foi esta excelente segunda sessão de hoje.

Tempo: 30 min.

9 de outubro de 2011

Sessão única – Decidi reunir toda a meditação do dia numa única sessão. E quis exagerar um pouco: programei o despertador para tocar em cinquenta minutos. Mas eu me sentia cansado, e isso dificultou a concentração, que se manteve num nível superficial. Ainda assim, a prática não foi ruim. Apenas deixei-me ficar quieto, procurando esquecer o tempo. Em certa altura, comecei a ficar impaciente e preferi encerrar mais cedo. Haviam passado quarenta minutos.

Tempo: 40 min.

14 de outubro de 2011

1ª sessão – É, nesses últimos dias esqueci-me bastante de meditar. No dia 12, até fiz uma sessão, mas foi muito insatisfatória – quase não me concentrei. Por isso, preferi nem registrá-la aqui.

Mas a sessão de hoje foi ainda pior. Programei o despertador para tocar em 30 minutos. Nos primeiros dez minutos, não me concentrei nada. Depois, os pensamentos se aquietaram um pouco – mas só um pouco. Daí o telefone tocou e preferi interromper a sessão.

E por que a estou registrando? Porque hoje vou retomar o “fio da meada”.

Tempo: +/- 20 min.

2ª sessão – Outra vez, não houve meditação nenhuma. Apenas fiquei sentado (e depois de algum tempo, deitado), tentando me concentrar.

Paciência... Faz dias que estou disperso assim. Felizmente, graças a esse diário, não esqueço de que preciso praticar. É alguma coisa.

Tempo: 36 min.

15 de outubro de 2011

1ª sessão – Foi uma sessão melhor... É curioso como, de repente, começa uma fase assim, em que a mente parece não querer ficar quieta. Hoje, consegui reduzir os pensamentos, que se limitaram a um burburinho constante.

É, foi melhor, mas preciso voltar à “forma” de antes.

Tempo: 20 min.

2ª sessão – E melhorei mais um pouco. Dessa vez, senti uma tendência a me aquietar, embora ainda houvesse muita dispersão. Os pensamentos começavam a enfraquecer, mas logo aceleravam de novo.

Pareço não estar muito disposto a esforçar-me para alcançar o silêncio. E não estou mesmo. Continuo... impaciente.

Mas vou praticando.

Tempo: 20 min.

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Nota:

Imagem por Wolfgang Staudt