sábado, 29 de outubro de 2011

Diário do aprendiz – 29 de outubro de 2011


Ver a beleza numa flor

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XI - Aquela Senhora tem um Piano

Aquela senhora tem um piano
Que é agradável mas não é o correr dos rios
Nem o murmúrio que as árvores fazem...

Para que é preciso ter um piano?
O melhor é ter ouvidos
E amar a Natureza.


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Nas últimas duas semanas, deixei de praticar as sessões, exceto por uma ou outra em que quase não me concentrei. Isso talvez possa se explicar por algumas preocupações que surgiram nesse período e monopolizaram muito de minha atenção. Ou talvez se explique porque, depois de umas poucas semanas de dedicação mais intensa, preferi inconscientemente fazer um intervalo.

Ao menos, espero que seja realmente um intervalo. Acredito que continuarei a praticar; quem sabe, recomeçarei hoje mesmo. Em todo caso, não farei mais registros diários aqui. Parece-me que sessões de meditação (ou algo que se aproxime disso) não podem ser descritas em termos muito precisos. Além disso, é mais difícil tratar de concentrar-me quando sei que logo depois precisarei escrever um relato. Enfim, muitas sessões ficam bastante aquém do que eu gostaria, e de nada serve repetir relatos assim. Quanto às sessões mais satisfatórias, já tive oportunidade de contar algumas, e não carece contar outras.

Eu esperava que um diário servisse de estímulo para a prática, e por algum tempo isso aconteceu, porém evidentemente não se trata de algo infalível. A verdade é que nada substitui a simples decisão de praticar - é preciso reforçar essa decisão a cada dia, apesar de tudo que tenta desviar o foco.

A partir de agora, farei apenas um resumo das sessões, mencionando uma ou outra experiência mais interessante. Espero, pelo menos, não relatar mais longos períodos de inatividade, pois (por mais imperfeita que seja a minha prática) sinto que perco algo importante quando acontecem.

Ah, e penso também em fazer breves relatos da leitura de obras sobre meditação e assuntos relacionados - p.ex., saúde e espiritualidade. Faz algum tempo que sinto um crescente interesse por esses temas, e gostaria de aprofundá-los de maneira bem gradual, registrando algumas notas aqui. Às vezes, penso que são assuntos que nunca conseguirei dominar – seja lá o que signifique “dominar”. Mesmo assim, gostaria de conhecê-los melhor.

Praticar a meditação precisa ser o fundamento deste blog; não quero abordá-la apenas de maneira intelectual. Mas esse estudo com certeza será valioso.

Nota:

Imagem por oberau-online.

sábado, 15 de outubro de 2011

Diário do aprendiz – 15 de outubro de 2011


Descobrir novas paisagens

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X - Olá, Guardador de Rebanhos

"Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?"

"Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?"

"Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram."

"Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti."


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As meditações até aqui

1° de outubro de 2011

Sessão única – O tempo passou mais depressa do que eu esperava. E em vários momentos, fiquei bastante concentrado. Mas, na maior parte do tempo, pensamentos insistiram em aparecer – aquele “ruído de fundo” que mencionei outras vezes.

Foi uma boa sessão, só que estou incerto se meditei. Acho que apenas relaxei, em alguns momentos de forma mais intensa. Seja como for, valeu!

Tempo: 40 min.

2 de outubro de 2011

1ª sessão – Dormi tarde, acordei cedo... Será que isso dificultou a concentração? Talvez... Relaxei um pouco, mas a mente permaneceu inquieta – “tagarelando”...

Mas sempre baixinho... Não deixa de ser um progresso.

Tempo: 20 min.

2ª sessão – Por vários minutos, os pensamentos não cessaram. Então, de repente, a mente “desacelerou”. E continuou assim, com ligeiras oscilações, até o final.

Embora o começo costume ser mais agitado, parece haver uma tendência à calma depois de alguns minutos, às vezes perto do término. E se eu aumentar o tempo? Talvez, em uma das sessões apenas... De qualquer modo, preciso forçar um pouco.

 Tempo: 20 min.

3 de outubro de 2011

1ª sessão – No começo da manhã. Apenas fiquei quieto por um tempo. Fiquei bem consciente, mas sem pensamentos excessivos. Foi um bom relaxamento.

Tempo: 30 min.

2ª sessão – Antes de dormir. Desta vez, a mente ficou mais silenciosa. Aconteceu por breves instantes, como é comum. Mas foi bom. No fim, a agitação recomeçou. O sono e certa impaciência fizeram-me interromper mais cedo.

Tempo: 16 min.

4 de outubro de 2011

1ª sessão – Depois de acordar costuma ser mais difícil. Continuo relaxando bem, mas não entrei naquele estado ligeiramente alterado da meditação.

Tempo: 30 min.

2ª sessão – Foi uma sessão bem proveitosa. Desde o começo, senti a mente se aquietar, e ela permaneceu assim na maior parte do tempo. Os pensamentos que apareciam eram vagos e não duravam muito. Em certo momento, fiz uma experiência: permiti-me “relaxar” por alguns instantes, deixando os pensamentos mais soltos, e depois voltei a me concentrar, tentando deixar a mente bem calma. E a calma veio com força redobrada – foi ótimo.

Já que não é mesmo possível manter a mente quieta o tempo todo, por que não assumir isso e controlar um pouco o processo? Preciso repetir essa experiência.

Tempo: 20 min.

5 de outubro de 2011

1ª sessão – Em certa altura, houve muito barulho em redor. Mas, curiosamente, foi nesse momento que me concentrei mais. Fiz um esforço, e de repente consegui ouvir o barulho sem me perturbar. Acredito que este é o sentido da meditação.

É bom ver que a sessão passa sem muita dificuldade. Sempre termina de modo um tanto inesperado. E muitas vezes, eu gostaria que continuasse.

Tempo: 30 min.

2ª sessão – Só consegui na segunda tentativa. E até que não foi ruim. Hoje, sentei-me num tapete de yoga, com as pernas cruzadas e as mãos sobre os joelhos (postura que os indianos chamam de “lótus”). Um pouco de dor nas costas dificultou a concentração.

Outra vez, tentei alternar momentos mais “livres” com outros mais atentos. Houve uma diferença, embora muito leve, pois certa dispersão continuou.

Tempo: 20 min.

6 de outubro de 2011

1ª sessão – Pretendo meditar sempre na posição tradicional, a partir de agora. A sessão de hoje foi razoável; aquietei-me em alguns momentos. Mas nada muito intenso. É verdade que acordei ainda com sono... Isso complica um pouco.

Tempo: 30 min.

2ª sessão – Nos primeiros minutos, nem me preocupei com a concentração. Depois entrei na linha e tentei silenciar a mente. Mas os pensamentos continuaram, menos vagos e passageiros do que têm sido nas últimas sessões. O curioso é que o corpo relaxou até demais; várias vezes, tive aquele sobressalto de quando se está quase pegando no sono. Mas eu ainda me sentia bastante acordado.

Nas últimas sessões, tenho me preocupado em alcançar um estado mais meditativo. Acontece às vezes, mas apenas por momentos. De qualquer modo, estou relaxando melhor atualmente do que quando comecei. A partir de agora, e por algum tempo, vou me contentar com isso. Continuarei tentando meditar direito, mas de um jeito mais descontraído. Creio que, aos poucos, o progresso virá.

Tempo: 20 min.

8 de outubro de 2011

1ª sessão – Sentei-me para meditar, mas não quis meditar. Deixei os pensamentos correrem quase o tempo todo. Pena, porque posso pensar em muitas ocasiões, mas reservo apenas dois períodos do dia para a meditação.

Ainda não estou acostumado a sentar no tapete de yoga. As costas doem, as pernas ficam dormentes, e tudo isso dificulta.

Mas então, que eu volte para a cadeira, oras!

Tempo: 30 min.

2ª sessão – Esta foi uma das melhores sessões que realizei até hoje. Comecei me concentrando bastante. Depois de poucos minutos, experimentei uma sensação de... – não sei bem como descrever; a imagem que me ocorre é a de uma onda avançando. E o silêncio na mente pareceu dar um “salto de qualidade”, se posso me expressar assim. Por alguns instantes, curti esse vazio, que era como um refrescante mergulho num lago.

(Com certeza, as expressões e metáforas que estou usando são muito imperfeitas. Talvez sugiram mais do que aconteceu de fato, pois realmente não foi nada de espantoso... Ainda não consegui ter nenhuma experiência mística ou sobrenatural! Mas talvez, a descrição fique até um pouco aquém do que houve, e que foi uma sensação realmente nova.)

Daí a onda passou, e me dispersei um pouco. Mas, até mesmo aí, não foi uma dispersão repleta de pensamentos. Apenas saí daquele estado mais intenso. Nos minutos finais, procurei me concentrar de novo, mas não foi a mesma coisa. Naquela altura, as costas já estavam incomodando, e cheguei a sentir uma leve impaciência.

Curiosamente, pouco antes de encerrar, tudo isso terminou e comecei a aquietar-me. Foi quando o despertador tocou, fazendo-me estremecer.

E assim foi esta excelente segunda sessão de hoje.

Tempo: 30 min.

9 de outubro de 2011

Sessão única – Decidi reunir toda a meditação do dia numa única sessão. E quis exagerar um pouco: programei o despertador para tocar em cinquenta minutos. Mas eu me sentia cansado, e isso dificultou a concentração, que se manteve num nível superficial. Ainda assim, a prática não foi ruim. Apenas deixei-me ficar quieto, procurando esquecer o tempo. Em certa altura, comecei a ficar impaciente e preferi encerrar mais cedo. Haviam passado quarenta minutos.

Tempo: 40 min.

14 de outubro de 2011

1ª sessão – É, nesses últimos dias esqueci-me bastante de meditar. No dia 12, até fiz uma sessão, mas foi muito insatisfatória – quase não me concentrei. Por isso, preferi nem registrá-la aqui.

Mas a sessão de hoje foi ainda pior. Programei o despertador para tocar em 30 minutos. Nos primeiros dez minutos, não me concentrei nada. Depois, os pensamentos se aquietaram um pouco – mas só um pouco. Daí o telefone tocou e preferi interromper a sessão.

E por que a estou registrando? Porque hoje vou retomar o “fio da meada”.

Tempo: +/- 20 min.

2ª sessão – Outra vez, não houve meditação nenhuma. Apenas fiquei sentado (e depois de algum tempo, deitado), tentando me concentrar.

Paciência... Faz dias que estou disperso assim. Felizmente, graças a esse diário, não esqueço de que preciso praticar. É alguma coisa.

Tempo: 36 min.

15 de outubro de 2011

1ª sessão – Foi uma sessão melhor... É curioso como, de repente, começa uma fase assim, em que a mente parece não querer ficar quieta. Hoje, consegui reduzir os pensamentos, que se limitaram a um burburinho constante.

É, foi melhor, mas preciso voltar à “forma” de antes.

Tempo: 20 min.

2ª sessão – E melhorei mais um pouco. Dessa vez, senti uma tendência a me aquietar, embora ainda houvesse muita dispersão. Os pensamentos começavam a enfraquecer, mas logo aceleravam de novo.

Pareço não estar muito disposto a esforçar-me para alcançar o silêncio. E não estou mesmo. Continuo... impaciente.

Mas vou praticando.

Tempo: 20 min.

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Nota:

Imagem por Wolfgang Staudt

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Diário do aprendiz – 29 de setembro de 2011


Exercitar novos olhares

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IX - Sou um Guardador de Rebanhos

Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.


~

As meditações até aqui

15 de setembro de 2011

1ª sessão – Passei alguns dias sem meditar. Hoje, sentei-me na posição correta – pés plantados no chão, mãos sobre os joelhos, coluna ereta – e concentrei-me. Ao invés de focalizar a mente, tentando mantê-la quieta, atentei para a respiração. Procurei seguir cada instante do processo, percebendo o movimento do corpo, o som que fazia. E não é que deu certo? De repente, senti aquele esvaziar gostoso da mente – algo ainda limitado, mas mesmo assim compensador. A sensação foi momentânea, e os pensamentos continuaram aparecendo, mas posso dizer que meditei um pouco. Decidi que o tempo será de vinte minutos, duas vezes por dia. Menos intenso, mas mais factível.

A partir de hoje, farei anotações diárias como uma forma de disciplinar-me mais. Os relatos não serão sempre longos como este. Apenas algumas impressões sobre o desenrolar de cada sessão. Em todo caso, espero que haja surpresas...

2 ª sessão – Logo depois da janta. Será uma hora inapropriada? Senti-me pesado, com mais dificuldade para me concentrar. Bem, talvez só tenha comido demais.

Segui outra vez o método de observar a respiração, mas houve muitos momentos em que fiquei disperso. Mesmo assim, foi melhor do que nas ocasiões em que tentei controlar a mente. O segredo é “esquecer” os pensamentos, e não enfrentá-los.

Esse tempo de vinte minutos está me parecendo ideal. Passa depressa, e por isso não deve ser desperdiçado. Ou me concentro logo, ou... a chance se vai!

16 de setembro de 2011

1ª sessão – Nos primeiros dez minutos, os pensamentos insistiram em aparecer, e quase esqueci de observar a respiração. Mas enfim reagi e por algum tempo a mente permaneceu mais quieta.

Acordei já pensando em tudo que preciso fazer, e isso dificultou um pouco.

Tempo: 20 min.

2ª sessão – Comecei, daí fui interrompido por um telefonema. Foi bom, porque eu estava muito desconcentrado. Comecei de novo, e então funcionou melhor. Não consegui me livrar de todos os pensamentos – seria querer muito... Mas, entrei num estado mais sereno.

Ao menos, aproximei-me do estado de meditação. É alguma coisa.

Tempo: 20 min.

17 de setembro de 2011

1ª sessão – Foi uma sessão muito irregular. Em alguns momentos, perdi bastante a concentração. Porém, em outros a mente ficou mais vazia. Havia ruídos persistentes em meu redor, e isso causou alguma dificuldade.

Concentrar-me na respiração não é tão simples assim. Digo, o método funciona, desde que eu me lembre de praticá-lo! Só que esqueço...

Tempo: 20 min.

2ª sessão – Sessão interrompida pelo telefone. Faltavam apenas dois minutos, então a perda não foi tanta. Além de concentrar-me na respiração, tentei visualizar uma luz brilhante em minha frente e imaginar um som tranquilo (qualquer coisa natural: correr de um rio, canto de pássaros – tudo está valendo!). Não resta dúvida de que isso ajuda, mas a dificuldade continua a mesma: depois de alguns momentos, a atenção se dispersa. O importante é que, quando estou concentrado, a mente fica bem mais vazia, embora sempre permaneça algum “ruído de fundo”. Esse esvaziar, ainda que parcial, é suficiente para fazer com que a sessão valha a pena.

Quero continuar meditando, sempre. Mesmo que nunca me aprofunde além de certo ponto, o que consigo alcançar agora já compensa o esforço.

Tempo: 18 min.

19 de setembro de 2011

1ª sessão – A sessão passou rápido. E não me concentrei nem um único instante!

Tempo: 20 min.

2ª sessão – É, o tempo voa mesmo! Desta vez, concentrei-me um pouco mais. Mesmo assim, esta sessão foi muito imperfeita. Em parte, tenho um motivo: nos últimos dias, algumas coisas tem me preocupado, e tudo isso tende a aparecer quando sento para meditar.

Mas sempre resta alguma margem de escolha, e parece que em algumas ocasiões simplesmente não quero meditar. Talvez seja apenas uma dificuldade para esquecer as preocupações, que se verifica em certos dias. De qualquer modo, é curioso.

Tempo: 20 min.

20 de setembro de 2011

1ª sessão – Logo depois de acordar. Não é muito fácil, com a mente recém-saída do sono. Mas, a sessão foi boa. No final, eu estava bem mais acordado!

Tempo: 20 min.

2ª sessão – Apenas sentei-me e diminuí o ritmo dos pensamentos. A mente insistiu em pensar sobre os “assuntos do momento”. Inclusive, em ocasiões assim surgem boas ideias sobre coisas que precisam ser feitas etc. Mas o ideal seria meditar!

Tempo: 20 min.

21 de setembro de 2011

1ª sessão – Muito barulho nas proximidades. Em metade da sessão, concentrei-me pouco. Porém, na parte final, a mente se aquietou mais. Quando o despertador tocou, estava bem mais tranquila.

Não sei se posso chamar esse estado de meditação. É a meditação que esteve em meu alcance. Por agora...

Tempo: 20 min.

2ª sessão – É ótimo fazer uma sessão antes de dormir!

Tempo: 20 min.

22 de setembro de 2011

1ª sessão – Fiz uma primeira tentativa, que não deu certo. Os pensamentos não cessavam! Daí, recomecei... e dessa vez funcionou. Por vários minutos, a mente insistiu em se agitar, mas enfim relaxou... Concentrei-me na respiração, na própria calma resultante disso, e consegui até mesmo “absorver” algumas distrações – latido de cachorros, outros ruídos que ocorriam nas proximidades. É possível, em alguma medida, “observar” tudo isso, tornando-o parte da quietude interior, e assim conseguir preservá-la. Ao menos, um pouco.

Curioso... Frequentemente, é nos últimos minutos que a mente fica mais silenciosa – e aí o despertador toca e a sessão chega ao fim. Mas, o tempo está perfeito; não pretendo aumentá-lo tão cedo, embora ocasionalmente isso possa acontecer.

Tempo: 20 min.

2ª sessão – Desta vez, pensamentos se sucederam sem parar. Mas, bastante vagos, fugidios. Não procurei contê-los – preferi curtir essa relativa calma.

Revendo as anotações anteriores, percebo como os dias passam depressa. Muitos já houve em que simplesmente esqueci-me de praticar. Este diário tem ajudado com a disciplina... Começá-lo foi uma grande ideia.

E, para minha surpresa, sempre há algo a escrever!

Tempo: 20 min.

23 de setembro de 2011

1ª sessão – No primeiro instante, uma onda de silêncio invadiu a mente. Depois, os pensamentos surgiram e comecei a me dispersar. Em certa altura, no entanto, decidi que não gostaria de perder essa sessão, e concentrei-me outra vez. O silêncio voltou, e com ele uma sensação de vazio dentro do cérebro.

É interessante como o ato de cessar (ou reduzir) os pensamentos pode ter um efeito físico desse tipo. Em parte, isso é compreensível, pois quando o corpo relaxa sempre se experimenta um bem-estar. Mas, o cérebro não é exatamente um músculo, não é? De qualquer modo, talvez isso apenas revele a ligação entre corpo e mente – que é bastante óbvia, mas nunca parece algo simples de explicar.

Tempo: 20 min.

2ª sessão – Passei a sessão inteira com imagens “pipocando” na cachola. Nada muito definido, nem muito duradouro. Embora eu tenha controlado um pouco, não consegui acabar de vez com o movimento, que simplesmente continuou.

Será que as sessões podem produzir um efeito cumulativo? Isto é, será que algum dia descobrirei que silenciar a mente ficou fácil? Seria bom...

Tempo: 20 min.

24 de setembro de 2011

Sessão única – Programei o despertador para tocar em vinte minutos. Mas, no final, estava tão agradável que decidi continuar por mais vinte minutos. Acabou sendo uma sessão só.

Não comecei lá muito bem. Mas, em certo momento, a mente se apaziguou, e experimentei outra vez aquela ligeira “pressão” na altura do que os indianos chamam de “Sexto Chakra”. Talvez isso até exista, mas certamente não estou chegando a esse ponto! Como escrevi antes, trata-se apenas de um resultado físico do acalmar da mente.

(Tampouco medito para produzir essa sensação. Bem, na verdade, tento produzi-la sim – mas apenas por ser um bom “termômetro” da concentração.)

Na segunda metade do tempo, fiquei bastante relaxado, embora alguns pensamentos aparecessem ocasionalmente. Parece-me que o vazio da mente vem e vai, num ciclo que se repete várias vezes em cada sessão. O negócio é permanecer atento e tentar curtir cada instante desse vazio, quando ele acontece.

Não foi uma sessão perfeita... mas foi ótima.

Tempo: 40 min.

25 de setembro de 2011

1ª sessão – Fiz uma sessão com muito barulho em volta. Ainda assim, mantive uma concentração razoável. Ou melhor, consegui manter a desconcentração dentro de certos limites! Sinto ainda alguns vestígios da sessão de ontem... mas isso pode ser apenas imaginação minha.

Tempo: 20 min.

2ª sessão – Terminei esta sessão depois de meia-noite. E não foi nem um pouco satisfatória. Curioso: meditar bem cedo às vezes é difícil porque a mente insiste em pensar em todos os compromissos que há para o dia; e meditar bem tarde às vezes é difícil porque a mente insiste em lembrar de tudo que aconteceu durante o dia.

Será que a solução é meditar na hora do almoço?!

Tempo: 20 min.

26 de setembro de 2011

1ª sessão – Outra vez, não foi fácil me concentrar. Foi melhor do que ontem à noite, mas... novamente, não posso dizer que meditei. É uma pena!

O problema todo é que demoro a concentrar-me na respiração. Sempre são necessários alguns minutos para relaxar. Não devia ser assim...

Tempo: 20 min.

2ª sessão – Finalmente! Foi uma sessão bem calma – apesar dos cachorros, que inventaram de latir por vários minutos. Cada pensamento que aparecia era imediatamente cessado. Claro, eles tentaram aparecer diversas vezes, e de resto um “ruído de fundo” continuou o tempo todo. Há pensamentos superficiais, mais fáceis de conter, e outros sutis, que se desenvolvem de forma quase imperceptível. Esses parecem ceder apenas com certo esforço. E infelizmente, só desaparecem por alguns instantes.

Fonte: 20 min.

27 de setembro de 2011

1ª sessão – Tive que tentar duas vezes. Na segunda, “engrenei”. Ficou longe de perfeito, mas houve diversos momentos em que me concentrei.

Tempo: 20 min.

2ª sessão – Uma ótima sessão, terminada depois de meia-noite. Desta vez, o fato de ser tão tarde ajudou. Curti muito o silêncio.

Pela primeira vez, em certo instante, tive a sensação de que me aproximava de um verdadeiro estado de inconsciência. Digo, de me “desligar” de verdade. Infelizmente, se fosse para isso acontecer, eu só perceberia depois!

De qualquer modo, mesmo sem me livrar dos pensamentos por completo, senti o tempo todo a mente mais leve, mais relaxada. Estou no caminho certo, aprendendo a segui-lo com mais segurança, e isso é o que importa.

Tempo: 30 min.

28 de setembro de 2011

1ª sessão – Achei que não ia me concentrar muito nessa sessão, e foi assim mesmo. Entretanto, percebo que até em sessões mais “fracas” minha mente começa a revelar uma tendência à quietude. Pensamentos aparecem o tempo todo, mas com menos intensidade e de modo mais passageiro.

Ou talvez essa tendência seja impressão minha. Em todo caso, acredito que a prática trará progressos. Como não traria?

Tempo: 20 min.

2ª sessão – É tarde, e estou muito cansado! A essa altura, posso até deixar a mente quieta, mas não realmente concentrá-la no que quer que seja.

Alguns pensamentos “deram o ar da graça”, muito vagos e sumindo logo depois de aparecer. Como tem ocorrido nessas últimas sessões.

Interrompi um minuto antes do previsto.

Tempo: 19 min.

29 de setembro de 2011

1ª sessão – Bem cedo, e depois de uma noite maldormida. A sessão foi parecida com a última. Mente quieta (para não mencionar os “ruídos” comuns), porém avessa a uma concentração maior.

Esta, terminei quatro minutos antes.

Tempo: 16 min.

2ª sessão – Mais uma sessão lutando contra o sono. A cabeça pendeu para frente várias vezes. Não consegui aprofundar a concentração – apenas fiquei quieto, com a mente mais ou menos tranquila, apesar das imagens que surgiam o tempo todo. O importante é que não foi uma sessão ruim – ao contrário, terminei me sentindo bem.

Uma vez que a última postagem de cada mês, neste blog, é feita no dia 29, sempre haverá um ou dois dias em que não registrarei as sessões. Mas vou realizá-las de qualquer maneira. Não há motivo para interromper algo tão compensador.

Fiz um progresso inesperado nesses últimos dias. Ainda não aprendi a meditar de fato, mas está ficando cada vez mais fácil aquietar a mente. Ora, a quietude sempre tem coisas boas a ensinar, e ainda planejo ouvir muito as suas lições.

Tempo: 20 min.
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Nota:

Imagem por tallpomlin