terça-feira, 15 de maio de 2012

Diário do aprendiz – 15 de maio de 2012


Apenas ser

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XXIII - O meu Olhar

O meu olhar azul como o céu
É calmo como a água ao sol.
É assim, azul e calmo,
Porque não interroga nem se espanta...

Se eu interrogasse e me espantasse
Não nasciam flores novas nos prados
Nem mudaria qualquer cousa no sol de modo a ele ficar mais belo...
(Mesmo se nascessem flores novas no prado
E se o sol mudasse para mais belo,
Eu sentiria menos flores no prado
E achava mais feio o sol...
Porque tudo é como é e assim é que é,
E eu aceito, e nem agradeço,
Para não parecer que penso nisso...)


~

Viver não é algo que acontece naturalmente
A todos nós, assim como acontece aos animais
Ou a qualquer ser que não precise lidar
Com o fardo de um pensamento capaz de
Refletir.

Para quem não precisa encarar o desafio
De contemplar a si mesmo a cada instante
E a própria vida no correr dos anos,
Viver é algo que se realiza momento por momento
E apenas isso.

(Nem por isso, eu acredito,
Terá menos valor ou poderá ser menos feliz.
Mas será mais simples.)

A questão é que, para aqueles capazes
De perguntar a si mesmos: “O que farei de minha vida?”,
Surge o incessante desafio de achar uma resposta,
E reencontrá-la a cada dia, hora e minuto
– A todo momento!

Para todos nós, que somos frutos
Do milagre de uma autoconsciência mais profunda,
Viver é um caminho que precisa ser construído
A cada passo com um novo
Sentido.

(Felizes aqueles que conhecem
A arte de dar sentido à própria vida. Ai daqueles
Que se esquecem de fazê-lo.)

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As meditações até aqui

Nestas últimas semanas, regularizei a prática como nunca antes. Tenho realizado as sessões pela manhã, quase sempre depois de acordar. Na verdade, estou procurando articular a meditação com algumas outras atividades, que incluem exercícios físicos (um pouco todo dia, além das corridas em determinados dias do mês) e posturas de yoga. Há ainda outras mudanças que estou procurando implementar em meu dia a dia – espero comentar a esse respeito em postagens posteriores. O importante é, mesmo sendo escasso o tempo que dedico a cada uma dessas práticas, e poucos os resultados que consegui alcançar até agora, o simples fato de realizá-las (i.e., saber que as estou realizando, que estou buscando algo importante para mim) já proporciona um benefício. Porque, no final das contas, como já dizia o bom e velho Lao Tzu no século – ah, isso faz muito tempo! – o que mais importa não é exatamente o resultado a que se chega, mas o caminho que se percorre para chegar até lá. Cada vez que nos dedicamos àquilo que é importante para nós, intensificamos o foco no caminho de nossas próprias vidas, e nada pode ser mais valioso.

Nota:

Imagem por Peter Alfred Hess.