Crer no porvir
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XXII - Num Dia de Verão
Como quem num dia de Verão abre a porta de casa
E espreita para o calor dos campos com a cara toda,
Às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa
Na cara dos meus sentidos,
E eu fico confuso, perturbado, querendo perceber
Não sei bem como nem o quê...
Mas quem me mandou a mim querer perceber?
Quem me disse que havia que perceber?
Quando o Verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo...
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A vida pode proporcionar muitas chances de felicidade,
Mas também pode destruir toda chance de felicidade,
Como faz com algumas pessoas, submetidas cedo demais
A experiências que acabam minando sua capacidade
De acreditar em qualquer coisa além da tristeza.
Embora a desesperança não escolha época para acontecer
(E seja algo de que todos devemos nos precaver),
Penso aqui na tragédia verificada com aquelas crianças
Nascidas em ambientes sem amor, e levadas a crer
Que de fato nunca poderão achá-lo.
Muitas dessas crianças existem, até mesmo já crescidas,
Vivendo acostumadas a se sentirem perdidas,
Buscando uma nova razão para sonhar a cada dia
E sempre acabando por desistir, vencidas
Pela desilusão dentro de si.
Inspirado pelo filme "Última parada 174",
de José Padilha
de José Padilha
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As meditações até aqui
Comecei um novo estudo neste mês, e tenho dedicado muito de meu tempo à leitura, o que infelizmente me fez esquecer outras coisas, incluindo a meditação. Mas está mais do que claro que preciso equilibrar melhor essa balança, de modo que tratarei de recomeçar as sessões.
Nota:
Imagem por Gamma Man.